Depois da estreia de muita expectativa, uma trajetória crescente mês a mês, ganho de capítulos, centenas de ajustes para o grande momento da abertura do Mar Vermelho, uma boa dose de inspiração da autora para lidar com mudanças e indecisões sobre quando terminar a novela, chegamos a esta segunda-feira, dia 23 de Novembro, onde seremos testemunhas do último capítulo desta história que emocionou o Brasil.
É muito provável e quase certo que a emissora não esperava tamanho sucesso. Sem tirar os méritos da novela, a má fase das novelas globais contribuiu muito para o cenário atual. O público estava precisando de uma novela com cara de novela, histórias mais leves, com boas mensagens que nos façam acreditar em um amanhã melhor, sem tantas trapaças, personagens dúbios e tramas tão complexas, que chegam a ser confusas. A simplicidade estava fazendo falta e "Os Dez Mandamentos" veio suprir esta necessidade.
O sucesso veio e a grande pergunta deve ter ficado no ar: O que devemos produzir depois deste grande sucesso? Toda emissora que se preze, deve ter um bom panejamento de sua programação, mas nos últimos tempos, nossas TVs sempre nos surpreendem na maioria das vezes, negativamente. Estava praticamente certa a estreia de "Escrava Mãe" como substituta de "Os Dez Mandamentos". Contar a história da mãe da escrava Isaura parecia à princípio algo muito estranho, pois o final seria previsível, mas a Rede Record comprou a ideia e escolheu a Produtora Casablanca como parceira nesta nova empreitada.
As primeiras chamadas de "Escrava Mãe" foram veiculadas e mostraram uma grande produção que, com certeza poderia continuar com o sucesso conquistado pela trama de Moisés e cia. Dias depois, a alta direção da emissora optou por não exibi-la na sequência e transmitir outras séries bíblicas já produzidas como "Rei Davi", "José do Egito" e "Milagres de Jesus". O horário das 8 e meia terá exclusivamente produções bíblicas e "Escrava Mãe" será remanejada para outro horário, abrindo o segundo horário de novelas na Record.
Estas mudanças cabem alguns questionamentos: Por que não consolidar primeiro o horário das 8 e meia, para depois se ariscar a produzir novelas em um novo horário? Já existem sinopses aprovadas para as novelas que substituirão "Escrava Mãe" e "Terra Prometida"? A emissora conseguirá manter duas tramas ao mesmo tempo sem interrupções? Um horário dedicado somente às histórias bíblicas poderia cansar o telespectador? Televisão é planejamento e principalmente quando falamos de um produto tão importante como a Telenovela.
A suspensão temporária de "Escrava Mãe" mostra a falta de planejamento de uma emissora que tem grandes condições para crescer, mas não está sabendo administrar o sucesso. Deixar um produto de lado, ainda que momentaneamente, mostra que a empresa não acredita naquilo que produziu, o que é uma grande pena. A terceirização de funcionários na produção de novelas da Record pode ser um outro grande problema. São grandes modificações em um período relativamente curto. Será que esta transição será tranquila? Em breve teremos todas estas respostas, não percam as cenas dos próximos capítulos.
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