Pôster oficial da novela "La Candidata"
Divulgação: Televisa
Com o atraso de somente uma semana em relação à exibição do último capítulo de "La Candidata" no México, resolvi falar um pouco mais desta novela que me surpreendeu positivamente.
Para começar, esqueça tudo o que você tem de referências de novelas mexicanas. Nesta história não há Cinderelas, trocas de bebês, uma protagonista chorosa, um príncipe encantado e por aí vai. "La Candidata" trouxe uma história densa, muito real e que debateu vários problemas que estão acontecendo atualmente na sociedade mexicana.
Desde que passei a acompanhar notícias sobre o México e suas novelas, sempre existiu uma reclamação de que as novelas da Televisa estavam alheias ao que acontecia no país e que este tipo de entretenimento seria uma forma de "alienar" seu telespectador, para que este não dê a devida importância ao que acontece no dia a dia. Este barulho aumentou ainda mais com o surgimento das Redes Sociais.
Nos últimos tempos, a emissora mexicana vem passando por mudanças internas e isso vem se refletindo na programação do repaginado Las Estrellas (que deixou de se chamar Canal de las Estrellas há alguns meses e ganhou uma nova identidade visual) e no conteúdo de suas novelas.
Voltando à novela, "La Candidata" trouxe de volta para a TV a atriz Silvia Navarro, depois de ficar afastada por sua gravidez. Seu último trabalho na TV foi "Meu Coração é Teu". Nesta história, foi maravilhoso ver cada cena de Silvia, pois ela mostrou que é uma das melhores atrizes da atualidade. Sua personagem é Regina Bárcenas, uma Senadora casada com Alonso San Román (Rafael Sánchez Navarro), o Governador da Cidade do México, um homem corrupto que estava planejando sua candidatura à Presidência nas próximas eleições. Regina sempre quis ajudar os mais necessitados e sempre agiu dentro da lei, mas no "Jogo do Poder" é preciso mover algumas peças para avançar e conseguir seus objetivos. Ao avaliar sua popularidade e descobrir quem é de verdade seu marido, Regina passa a avaliar a possibilidade de ser candidata à Presidência. Seu grande aliado é Gerardo Martínez (Víctor González), um grande amor do passado, que também é Senador e está casado com uma mulher problemática e viciada em jogo.
A história tem boas doses de violência e sexo, mas nada comparado a uma Narconovela, onde tudo é mais escrachado. Para se ter uma ideia, o pai de Regina comanda uma rede de prostituição (onde está incluída uma filha bastarda) e o pai de Alonso se beneficia do posto de seu filho para fazer negócios e tráfico de influências, além de ambos maltratarem suas esposas. Com tudo isso, não faltaram tiros, assassinatos e cenas ousadas de cama.
Falando-se no todo, "La Candidata" mostrou como as coisas funcionam nos bastidores do poder, ou pelo menos, retratou de uma forma mais próxima da realidade. Compra-se quem quer, consegue-se informações a hora que quiser, puxa-se o tapete de quem quiser e se você não está de acordo com o sistema e souber demais, você é apagado. Foi uma novela que saiu da zona de conforto, trouxe uma história original bem contada, um elenco de grandes nomes, grandes atuações e se atreveu a tocar em assuntos polêmicos que mexessem com o telespectador.
Seu final não foi exatamente feliz, mas foi enigmático e deixou margem para uma possível continuação. Independentemente da decisão da emissora, "La Candidata" é um produto que deve ser aplaudido e elogiado. Parabenizo a produtora Giselle González e sua equipe pelo grande trabalho de qualidade que vimos refletido na tela.
Bem, depois de ter lido minha opinião, você deve estar se perguntando: "Por que esta novela dificilmente seria exibida no Brasil?". A resposta é muito simples: Esta novela não tem o perfil de história que estamos acostumados a acompanhar no SBT e com certeza, causaria estranheza em um público que busca histórias mais tradicionais. Enquanto não houver uma mudança de comportamento, tanto do telespectador como do SBT, estas histórias não serão exibidas por aqui.
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