No último dia 14 de Março, foi ao ar o primeiro capítulo de "Velho Chico", uma história trabalhada em conjunto com Edmara Barbosa, Bruno Luperi e Benedito Ruy Barbosa. A trama era muito aguardada e acredito que a expectativa foi mais que superada. O que vimos nesta semana foi o que há muito tempo não víamos na TV: uma história realmente grandiosa. Não me refiro somente ao texto. Falo da produção, da fotografia, da iluminação, dos ângulos de câmera, das interpretações, dos figurinos. Enfim, o conjunto geral da obra foi surpreendente.
Esta primeira semana me fez viajar no tempo e relembrar as grandes histórias produzidas há alguns anos atrás como "Renascer", "O Rei do Gado" e "Terra Nostra". Curiosamente, as três tramas foram concebidas por Benedito. Isso mostra que o tempo passou, mas ele ainda é capaz de criar histórias verdadeiramente envolventes.
Os personagens da trama são dramáticos, teatrais, passam pela poesia e vão até a loucura, se necessário. Destaque para as cenas de Iolanda (Carol Castro) e Afrânio (Rodrigo Santoro). Mas, sem sombra de dúvidas, quem mostrou como se atua em novelas foi Tarcísio Meira e Selma Egrei. O Coronel Afrânio e a Dona Encarnação têm força e peso em cena graças à experiência dos seus intérpretes.
Deixo aqui um grande destaque ao diretor Luiz Fernando Carvalho, que foi o responsável pela parte visual que encheu nossos olhos. Aliás, esta é uma marca dele. Como não lembrar de "Capitu", "Hoje é dia de Maria", "A Pedra do Reino" ou "Meu Pedacinho de Chão"? Cada uma delas tinha sua identidade visual e linguagem únicas.
"Velho Chico" tem uma grande particularidade. A presença da música incidental é muito forte em quase todas as cenas. É como se cada uma delas acompanhasse as ações dos personagens. A trama ganha muito com isso.
Outro ponto positivo foi a concepção da abertura. De acordo com o diretor de arte Alexandre Romano, ele precisou "ir em busca das lendas e dos símbolos que representam a força mística que existe no Rio São Francisco". A sequência foi muito bem realizada e adequada à proposta da trama. A marca gráfica é linda, mas lembra de fato a logomarca da novela mexicana "Maria do Bairro". Impossível não comparar.
No quesito agilidade, a trama provavelmente será mais lenta. Talvez isto cause estranheza, mas isto não significa necessariamente que a trama não vá emplacar. "Velho Chico" tem três fases e muita história para contar.
Como balanço desta semana, "Velho Chico" conquistou e promete ser uma fase de respiro para aqueles que estavam cansados de histórias urbanas ambientadas no eixo Rio-São Paulo. Vale a pena assistir!
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